INSTITUTO JOHN GRAZ

Rua Pedroso Alvarenga, 1177 - Conjunto 11

CEP 04531-012 - São Paulo/SP

Fone: (11) 99890-0481

contato@institutojohngraz.org.br

As casas de John Graz: Leme Fonseca e Célia de Carvalho

Data: 03/05/2017 - Local: São Paulo

F30 004b
John Graz; Hall da Residência de Célia de Carvalho; c. 1928.

 
Essa série de quatro artigos tem como objetivo apresentar projetos de decoração de interiores, uma das muitas faces da obra do artista suíço radicado no Brasil, John Graz. Precursor do design de interiores no país, ele foi responsável por pensar aspectos decorativos das casas de várias personalidades paulistanas. Seu trabalho chama atenção pela qualidade técnica e inovação da combinação entre móveis, afrescos, vitrais e luminárias. No primeiro artigo da série, apresentamos imagens das casas de Caio Prado Júnior e Roberto Simonsen.
 
Nesse segundo artigo nós apresentamos fotografias de dois projetos executados por John Graz e posteriormente registrados, a pedido do artista, pelo fotógrafo italiano que viveu no Brasil, Hugo Zanelli. Trata-se das residências de Leme Fonseca e Célia de Carvalho. Essas fotografias são registros importantes que garantem acesso à memória dos espaços, já que boa parte das casas em que John Graz trabalhou não existe mais, devido à verticalização da cidade. As imagens utilizadas fazem parte do acervo do Instituto John Graz.
 
As residências de Leme Fonseca e Célia de Carvalho
 
Não temos informações suficientes para aferir que as fotografias abaixo são realmente da casa de Leme Fonseca, nem para dizer se esse realmente era seu nome completo. O mesmo se passa no caso de Célia de Carvalho. Nos registros deixados pelo artista e por quem trabalhou para ele, existem duas fotografias do mesmo ambiente, uma escrita Leme Fonseca e a outra Célia de Carvalho. Nós não conseguimos comprovar o parentesco desses nomes. No entanto, mais importante do que saber exatamente para quem o projeto foi feito, ou se os nomes eram realmente esses, significativo mesmo é o próprio registro e seus usos. As imagens nos dão informações para compreender escolhas do artista, suas linhas de trabalho e as soluções empregadas para os ambientes.
 

F30 003
John Graz; Sala de Jantar da residência de Leme Fonseca; c. 1925.

 
Há apenas essa foto de uma sala de jantar com referência ao nome de Leme Fonseca. Segundo o registro, essa residência ficava no bairro do Paraíso, cidade de São Paulo. Nela podemos observar um ambiente com características simples, o que contrastava com a época, voltada à adornos e excessos. O vitral no canto superior esquerdo, a mesa retangular de madeira escura com quatro cadeiras, o amplo tapete com padrão geométrico, além do relevo ao fundo, que representa um trabalhador rural montado em um cavalo em meio a uma vegetação e um coqueiro tropical, são as peças que mais chamam a atenção.
 

F30 004a
John Graz; Sala de Estar da residência de Célia de Carvalho; c. 1928.

 
A segunda imagem compreende a Sala de Estar da residência de Célia de Carvalho. Além desse ambiente, John Graz também projetou o Hall e a Sala de Jantar. No primeiro caso, temos um projeto limpo, onde podemos observar em primeiro plano duas poltronas de madeira escura com tecido claro, um sofá colado à parede, uma mesinha redonda de apoio com uma luminária, que fez parte da exposição sobre a obra de John Graz no Museu Oscar Niemeyer, na cidade de Curitiba (PR), em 2010. Ao fundo, no canto direito, próximo à escada, outra mesinha de apoio que sustenta um vaso com plantas, além de um sofá encostado na parede. Os dois ambientes apresentam tapetes com motivos geométricos. Os elementos utilizados são característicos da obra do artista: madeira escura contrastando com tecidos em tons mais leves e detalhes em metal.
 

F30 004d
John Graz; Luminária para Sala de Estar de Célia de Carvalho; c. 1928.

 
De acordo com trecho da dissertação de mestrado da pesquisadora Anna Maria Affonso dos Santos (FAU/USP), que escreveu “John Graz: o arquiteto de interiores”, a Sala de Estar da casa de Célia de Carvalho apresentava as seguintes características:
 
“(…)percebe-se que John Graz utilizou-se deste princípio de racionalidade para a distribuição do mobiliário. Aproveitou toda a extensão da parede para dispor o sofá e a pequena estante que está acoplada a ele. Nesta mesma parede embutiu estreitas prateleiras para colocação de pequenos objetos pessoais (retratos) e uma iluminação indireta. Desta maneira um só local passou a servir a fins múltiplos: sentar-se com possibilidade de fazer uma leitura e um local para se guardar ou expor objetos”. (p. 92)
 

F30 004c
John Graz; Sala de Jantar da residência de Célia de Carvalho; c. 1928.

 
Referências
 
SANTOS, Anna Maria Affonso dos. John Graz: o arquiteto de interiores. 2008. Dissertação (Mestrado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. doi:10.11606/D.16.2008.tde-03032010-112258. Acesso em: 2017-04-19.
ACERVO, Instituto John Graz.
 

Seja avisado quando publicarmos novos artigos como este. Basta preencher seu e-mail abaixo e clicar em Subscribe.

* indicates required